
A van passou no hostel de madrugada, demorou algumas horas ate chegar no mirante da Cruz do Condor. O Vale do Canhão de Colca é o terceiro destino mais visitado do Peru. Havia muitos turistas por la. Para quem ainda não sabe, o Colca Canyon é um dos vales mais profundos do mundo (3270m), com paisagens naturais únicas, aves e rebanhos de Vicuñas. Um lugar onde é possível ver a maior ave voadora do mundo, o Condor, e ainda contemplar seu voo bem do nosso lado!


Em Arequipa existem varias agências que fazem o bate e volta no Vale, trilhas de dois e três dias. Eu escolhi um trekking de dois dias e uma noite, algo entre $150,00 dava uns R$500,00 tudo incluso, comida e hospedagem. Iria adentrar o vale, dormir em um oásis natural no fundo do vale! Apenas eu de brasileiro no grupo. Desci da van, lotado de turistas e cheguei na Cruz del Condor. Um monte de gente tirando fotos. Haviam uns cinco Condores por lá! Logo um começou a voar e as pessoas entraram em êxtase. Pude apreciar o voo do Condor, o rei dos Andes, seus razantes por cima de nossas cabeças, e a profundidade e beleza do Canhão de Colca, me encantei com aquele lugar.




Voltei para a van e logo meu grupo foi para o ponto de partida da trilha. Deixei minha mala no porta malas, peguei apenas minha mochilinha, um par de roupas, blusa de frio e água. Começou a trilha! O sol estava de rachar, nosso grupo tinha umas quinze pessoas. Caminhei bastante, o sol, me fritava, meio dia e eu bem no meio de pedras, adentrando o vale. Depois de algumas horas, chegamos em uma ponte. Uma pausa rápida e eu acabei entrando no rio. O único a entrar. Achei que a água não era tão fria. Me dei mal, afinal a água era congelante e refrescou até demais. Mais uma foto para a coleção, uma no meio daquele vale cheio de pedras e água fria. Por trás de uma foto, uma história, uma lembrança.
Assista meu video:
Depois de 4 hrs de caminhada chegamos no Jardim de Colca para almoço. A entrada era sopa de quinoa. Depois veio arroz, cebola, abacate e batata frita. Estava uma delícia. Tirando a falta de costume de comer abacate junto com arroz. Tirei um cochilo e logo voltamos a caminhar. Paramos em uma vendinha, comprei gatorade, água, bem caro, a única no caminho. Tinham uns ratinhos e coelhos sendo vendidos e as pessoas compravam para comê-los.
Mais três horas de caminhada e passamos por mais uma ponte, e logo chegamos em um oásis entre aquelas montanhas! Existe algumas pousadas por lá, que lugar incrível. Estava cansado e com fome. Pessoal entrou na piscina, e eu acabei preferindo ir tomar uma puta ducha gelada a céu aberto. Não tinha chuveiro quente. Não tive escolha.

Logo foi servido a janta, só que antes veio a sopa. Não aguentava mais ver sopa. Depois veio o macarrão. Tomei uma pinga por 5 soles para ver se esquentava do frio. Alguns foram dormir e nosso guia resolveu fazer uma fogueira. Cantamos e até ensinei Frédérique, uma francesa que parecia a Nicole Kidman, algumas palavras em português. Estava muito frio e logo fui dormir.

No outro dia cedo acordei atrasado e o grupo todo ficou me esperando. Fomos subir o vale, puta subida, eu cansado, nunca chegava o fim da trilha. Depois de 4 horas chegamos no topo. Teve gente de outro grupo que não aguentou e subiu de mula. A van nos esperava lá em cima. Fomos ao povoado de Chivay. No caminho paramos em alguns mirantes, apreciando os vulcões. Fomos a um igreja, chupei um monte de picolés na porta.

Em seguida fomos às águas termais. Um lugar em que a água tem alto conteúdo de enxofre e ferro que ajuda no tratamento de reumatismo e artrite, vinda diretamente daquelas montanas. Custou 10 soles para entrar. Eu fiquei encabulado de como é possível no meio do nada, entre duas montanhas, existir um monte de piscinas naturais, água quente, chegando a ser mais quente que as águas de Caldas Novas! Alguns, sequer entraram na piscina mais quente por conta do calor insuportável que já estava.

Consegui relaxar e fechar os olhos. Sabe aquela pausa que você pensa em dar quando tudo está tão bom? Então... fechei os olhos, aquele super calor, em uma piscina natural, literalmente "cozinhando os ovos", e agradeci a Deus por me dar o privilégio de estar lá. Curtindo aquela paisagem e aquele lugar lindo. Desfrutando a vida!
Logo meu corpo estava todo mole, e veio aquela vontade de dormir...

Voltamos para a cidade e almoçamos em um restaurante bem caro por sinal. Tinha de tudo, carne de Lhama, de Alpaca, batata frita, pastel, e podia repetir quantas vezes quisesse.
Por aqui nasce a fonte mais distante do rio Amazonas...
No fim da tarde voltei para Arequipa, me despedi das duas francesas, Frédérique e Aurélie, fui ao hostel, peguei meus apetrechos, agora todos limpos, e fui para a rodoviária. Comprei passagem para a mesma noite com destino a cidade de Cusco! Muitas horas de viagem, e o que esperar por lá!!? Imaginando Machu Picchu, as ruínas, o Vale Sagrado...
No próximo episódio, bungee jump, festas, trilhas e muito mais! Até logo!!