quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Aventuras em Pucón - Chile

A van voltou cedo para Pucón. Algumas agências estavam abertas e comprei um pacote quase 40.000 pesos chilenos, dava uns R$200,00 na época. Era um passeio de dia inteiro e dava o direito de ir nas águas termais, passeio de cavalo e canopy, tudo isso em um hotel fazenda bem tranquilo, adorável e foi onde passei o dia to.

Comecei fazendo canopy, uma atividade praticada entre as árvores, onde eu desci por umas 10 tirolesas, passando por um rio e entre as árvores. A última tirolesa é enorme e atravessa de uma montanha até as águas termais. Na maioria delas eu freava apertando o cabo de aço com uma das mãos protegida por luvas.


Canopy é uma atividade onde é possível descer por uma sequência de tirolesas, desci por umas 10 tirolesas, algumas altas, outras no chão, com tamanhos entre 40 m e 240 m de distância e uma delas atingiu uma velocidade de 45km/h.


Depois fui andar de cavalo com o guia. Andamos entre as árvores e em uma mata fechada. O cavalo não corria, eu bati nele e de nada adiantou. Deve ser a raça do animal, sequer galopar com a gente. Super preguiçoso. Um monte de amora na estrada e bastante mata fechada.


Depois entrei nas termas, um monte de piscinas com água bem quente. Relaxei.. deu pra dormir dentro da piscina.... Tinha bastante turistas idosos e no fim da tarde fiz uma massagem relaxante por 10.000 pesos chilenos ou R$50,00. Voltei para o hostel e dormi. 


No outro dia cedo acordei atrasado para pegar um ônibus com destino ao Parque Nacional Huerquehue localizado a 35km de Pucón. Tinha muito mochileiro no ônibus no caminho. Fui um dos primeiros a entrar no parque e custou 2000 pesos chilenos ou R$10,00. Tomei café da manhã sentando no meio do mato sozinho admirando a natureza. A mata por lá é incrível, bem antiga, repleta de lagos, e cheio de árvores araucárias típicas da região. Até hoje é a floresta que eu mais gostei. Depois de muita caminhada cheguei em duas cachoeiras. Não entrei na água congelante.

O legal do parque é que você anda sozinho e por conta própria dentro da floresta. Eu tirei foto do mapa e tive que me virar. Trilhas por todos os lados. Meu objetivo era tirar foto em todos os lagos, uns 10 ou mais. O parque é extremamente grande, muita subida e descida na mata fechada. Andei das 8 hrs da manhã até as 5 hrs da tarde. Acabei não conseguindo chegar em todos os lagos. Toda minha água e comida da mochila acabou rapidamente. Eu devo ter andado uns 20 km. Fiquei encabulado com o tamanho das araucárias por lá, parecia uma floresta do filme do Harry Potter! Bem sombrio e medonho andar sozinho. Um lugar incrível!!


No fim da tarde minhas pernas não estavam correspondendo, acho que por não ter almoçado e só comido bolachas, ruffles e suco. Andei demais durante o dia todo. Estava com muita sede. Minha água acabou bem rápido. Mais uma vez deslumbrado por apreciar tantas paisagens naturais e a beleza daquele lugar. Uma floresta muito antiga! Demorei tanto tempo por lá que perdi o último ônibus que voltava para Pucón. Uma chilena estava saindo do parque de carro com a mãe e ficou com dó de mim e ofereceu carona até a cidade. Me salvei...

Assista meus vídeos:


Cheguei na cidade e ainda consegui negociar com uma agência um passeio de ascensão ao vulcão inativo Quentrupillan para o dia seguinte. Custou 50.000 pesos chilenos ou R$250,00 e fui sozinho com dois guias. O vulcão fica em uma linha imaginária entre o vulcão Villarrica e o Lanin e faz parte da Cordilheiras dos Andes chamada de Cinturão de Fogo do Pacífico. Era um trekking que duraria até o fim da tarde e tive que passar pela polícia, entrar em uma área interditada devido ao vulcão Villarrica ter entrado em erupção há dois dias.

Havia risco de acontecer algo e rezei para o vulcão ao lado não entrar em erupção novamente naquele dia. A subida estava proibida até o Villarrica por tempo indeterminado e até o Quentrupillan interditado temporariamente. Era para lá que eu ia.... Loucura? Vontade de correr riscos? Adrenalina? Motivo? Não sei! Simplesmente fui. Durante a subida havia bastante cinzas e até pedaços de rocha vulcânica morna expelida pelo Villarrica. O guia alertou que se ouvíssemos barulho ou fumaça do vulcão nós teríamos que correr de volta até a van!


Confesso que não senti medo. Para mim era mais uma aventura. O contraste da neve coberto por cinza era enorme. Branco e preto, neve e cinza, por todos os lados. E de pensar que dois dias antes era tudo limpinho, branco agora era um privilégio ver tudo com aquele contraste todo. Depois de 4 hrs de subida em um ritmo bem forte, chegamos ao topo. Era quase meio dia... Almoçamos lá em cima, arroz, frango e batata cozida e depois começou tiramos muitas fotos. Eran só nós três por ali naquela imensidão. O Villarrica ali em frente, todo imponente. Como tanta cinza conseguiu chegar até ali naquela cratera com aquela distância entre eles enorme.



Sim, você deve estar se perguntando o que é aquele pontinho preto la no meio da cratera, entre gelo e cinzas. O guia deixou eu chegar só até aquele ponto, pois era perigoso o gelo ceder. Havia pegadas de algum animal por ali. Foi emocionante chegar no topo, mais um objetivo alcançado e fiquei emocionado na hora, estava a 2360 metros, entre dois picos e no meio de uma cratera. Parecia tipo um circulo que havia sido explodido por uma bomba atômica. Descemos mais devagar e minhas pernas estavam bem desgastadas.



Ao chegar na agência de tarde, consegui comprar uma batata frita, um suco e emendar o rafting no rio Trancura naquele instante! Era meu ultimo dia por ali, fiz o trekking bem intenso com os guias, pois eu queria aproveitar minha estadia por ali ao máximo possível. Fui comendo no carro e com as pernas doendo. Foi a primeira vez que fiz rafting e novamente só eu de brasileiro no grupo.
As vezes eu errava o comando em inglês do guia sentado atrás do bote e ele brigava. A água estava congelante. Havia muitas pedras e foi muito emocionante. Durou mais de uma hora. Duas vezes tivemos que sair do bote e carregá-lo, pois era perigoso descer nas cachoeiras e bater em pedras. Mesmo assim passamos por corredeiras de classe 3 e uma 4. No fim tive que caminhar por uma trilha e saltar de uma rocha no rio, minha única opção. Teve hora que fazia muita força remando e cheguei a sentir câimbra na perna. 

Voltei pro hostel destruído. Pernas e braços doendo depois de ter andado quase 15 km e ainda ter feito rafting no mesmo dia, sem contar a caminhada no parque no dia anterior. Pura extravagância, mas intenso e valeu a pena. Fiz uma massagem no hostel por 15.000 pesos, pois minhas pernas estava completamente duras e dando câimbras. No outro dia cedo comprei algumas garrafas de Pisco e Pisco Souer de presente para meus amigos em Goiânia. Peguei um ônibus para a cidade de Temuco e depois o vôo para Santiago. Passei a noite acordado no aeroporto lendo um livro e postando algumas fotos, pois meu vôo só sairia na manhã seguinte. Meu corpo doía, extravagâncias demais para um mero bancário. Adorei.

Cheguei em Goiânia super magro e a primeira coisa que fiz foi tirar a barba depois de três meses sem fazê-la. Eu estava agoniado, me sentia sujo com a barba daquele tamanho. Foi um alívio tirá-la. Todo mundo achou que eu tinha ficado doente, afinal, meu rosto estava muito magro. Engraçado, me deu um desejo enorme de comer uma pratada de arroz, feijão e bife. Ficar mais de uma semana sem comer isso é bem ruim. Vocês não sabem a vontade que dá de comer um prato desses.


Chega no fim mais uma aventura minha no Chile na cidade de Pucón. Foram 5 dias de muita emoção e adrenalina, dormindo pouco e exercitando muito. Foi uma surpresa estar por lá quando o vulcão entrou em atividade! Um verdadeiro privilégio! Foi uma tremenda viagem!  Tomara que tenham gostado de mais essa história que se tornou mais um relato diário que um post com dicas e orientações. Que susto hein!? Por fim, é sempre bom poder compartilhar com vocês leitores um pouco de minhas experiências nas viagens. Espero tê-los feito sentir e imaginar como foram aqueles dias e de ajudá-los de alguma forma. Desejo que um dia você aí do outro lado também possa conhecer lugares fantásticos! Até breve! Uma dica, vou passar uns dias no Uruguai!!! 

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