domingo, 31 de julho de 2016

Salar de Uyuni - Bolívia

Acordamos bem cedo e fomos para a porta da agência que ficava bem perto do nosso hostel. Iríamos fazer o passeio do Deserto de Sal saindo de San Pedro de Atacama no Chile. Levei um galão de 5 litros de água e umas besteiras para comer nos próximos dias.

Chegamos ao controle de imigração da Bolívia. Fomos um dos primeiros grupos a chegar e logo atravessamos a rua do lado Chileno para o lado Boliviano. Por ali foi servido o desayuno ao ar livre. Tinha pão com manteiga, queijo, café e leite. 
Trocamos a van por uma 4x4 e nosso grupo foi formado. Éramos 5 brasileiros e um canadense: eu, Camilia, Ana, Nathalia, Henrique e o canadense Benjamin. O nosso motorista era um boliviano chamado Clemente que além de tudo era nosso guia e cozinheiro. Colocamos as mochilas em cima do carro, tiramos fotos em uma montanha com neve ali do lado e pronto! Partimos para conhecer o maior deserto de sal do mundo!

Assista o vídeo em:


O Salar de Uyuni está localizado na Bolívia e é conhecido como o maior deserto de sal do mundo. Está a mais de 3.600 m de altitude, possui um solo branco, bem plano e cheio de sal. Alem de ser uma das maiores reservas de lítio, contém outros minerais como potássio, boro e magnésio. Conta-se que o deserto de sal surgiu através de um lento processo de evaporação da água do mar, criando pequenos lagos e um enorme deserto de sal. A origem do sal também pode estar relacionada com a quantidade de vulcões por ali.

Nesse passeio que durou 3 dias e duas noites foi possível tirar fotos incríveis, uma oportunidade única de conhecer paisagens arrebatadoras e fascinantes. Lagoas de várias cores, fumarolas, flamingos e muito mais!

A Reserva Nacional de Fauna Andina Eduardo Alvaroa é uma área protegida pelo governo da Bolívia, perto da divisa com o Chile e próximo ao deserto de sal, onde existem vários vulcões, fontes termais, gêiseres de vapor, fumarolas e era para lá que estávamos indo! 

O clima variava tanto que dentro do carro eu tirava a blusa de frio e ao descer colocava ela novamente. Durante o dia um sol de rachar e um vento gelado ao mesmo tempo. Já a noite era fria mas suportável. Fui em uma época que não estava muito frio. A temperatura média anual por ali diz ser de 3°C.

Nossa primeira parada foi na Laguna Blanca, uma lagoa com águas claras e cheia de sal a 4350 metros de altitude. Ficamos ali poucos minutos tirando fotos e admirando o lugar. Bem ao lado tem a Laguna Verde e o vulcão Licancabur logo atrás. A água bem verde, adorei, tirei bastante fotos. Eu corria por todos os lados, super empolgado, subindo e descendo as pedras. A cor azul-turquesa esmeraldo deste lago se deve á quantidade de minerais por ali. O magnífico vulcão extinto Licancabur com seus 5868 metros, só na vontade de subir la no topo...
Depois de alguns minutos entramos no carro e fomos em direção ao deserto Dali e em seguida as águas termais. As termas de Polques é um lugar onde é possível entrar em uma piscina e banhar em águas quentes a quase 40°C, isso tudo no meio do deserto! Só é permitido ficar 15 minutos e quando saímos estava bem frio. Bem do lado tinha uma lagoa enorme que saia fumacinha chamada de Laguna Salada e o sol logo ali bem próximo a nós! Adorei!
Depois fomos nos Gêiseres Sol de la Mañana ainda dentro da reserva. Por ali existe uma intensa atividade vulcânica e tudo isso a quase 5000 metros de altitude! Me deparo com um monte de crateras que expelem fumaça e gases. Por ali passam fontes subterrâneas de água e que entram em ebulição, um cheiro forte de enxofre. Parecia estar em outro planeta. Bolhas de lama, vapor, bem legal. Parecia que a terra estava viva! Era possível caminhar entre essas crateras e no meio da fumaça! Diz que a lama por ali pode atingir ate 90°. O guia disse que teve gente que já morreu ali caindo em uma das crateras. 

Assista o vídeo em:

Ainda deu tempo de ir na Laguna Colorada, um lago de cor avermelhada originada devido a pigmentação de algas que existem por ali. Encontramos um monte de flamingos todos rosados por causa da dieta com microrganismos do lago. Parecia um lago surreal, um dos lugares mais lindos da viagem.

Fomos para o hotel jantamos e de noite eu não conseguia dormir! Passando muito mal, tremendo de frio, todo tampado e a cabeça explodindo! Achando que iria morrer ali... Não consegui jantar... Camila me deu um remédio para altitude chamado Diamox logo dormi e no outro dia acordei zero bala. Acho que eu exagerei nos exercícios, afinal meu corpo não estava aclimatado e passei o dia todo correndo para cima e para baixo tirando fotos. Foi meu primeiro contato com a altitude, mas nos outros dias não senti mais nada...


Acordamos de madrugada, arrumamos as mochilas, tomamos café da manhã, recuperado do mal estar da noite anterior. Algumas pessoas de outros grupos também haviam passado mal. Fomos de carro para o outro lado da Laguna Colorada. Uma nova visão da Laguna. Seguimos para o Deserto de Siloli, um lugar com várias formações rochosas esculpidas pelo tempo. A mais famosa é a Árvore de Pedra, um monólito de formação natural esculpido pela erosão causada pelo vento que parece uma árvore.

Em seguida fomos para as Lagunas Altiplânicas. A primeira foi a laguna Honda, de coloração esbranquiçada, depois a Laguna Charcota, a Hedionda e a Cañapas. Em seguida Clemente, nosso guia preparou nosso almoço ali no porta-malas do carro. Arroz, legumes, carne e coca-cola. Do lado da lagoa existe uma casinha onde é possível recarregar o celular e usar a rede wi-fi por alguns bolivianos.

Iriamos dormir no hotel de sal e nossa agência havia nos enganados. Clemente disse que o hotel estava alagado e dormimos em um outro lugar. Eu e Anand, um indiano que mora no Chile e estava passeando com a gente, decidimos subir até um mirante ali perto do povoado. Na verdade era um morro que parecia perto, mas na verdade era longe pela quantidade de ziguezague por ali. Vimos o povoado de cima mas foi uma longa caminhada e valeu a pena. Começou a escurecer e esfriou bastante. Um cachorro acompanhou a gente durante o percurso todo até anoitecer. Logo voltamos para o hotel, dessa vez tinha banho quente e uma excelente janta. Tinha vinho, batata frita, muita carne de frango avermelhada... será que era carne de flamingo? hahah
No terceiro dia tomamos café da manhã e fomos até o cemitério de trens, um ferro velho cheio de vagões de trens abandonados. Era possível subir em qualquer um, entrar dentro deles e eu adorei. Um cenário fantástico! Camila pegou uma foto minha pulando no ar, parecendo o homem-aranha. Infelizmente os vagões aos poucos foram sendo abandonados quando a atividade de extração de minérios foi decaindo. Hoje esse cemitério de trens é ponto obrigatório para quem vai para o deserto de sal.

Assista o vídeo em:

Em seguida a parte mais esperada do passeio: o Salar de Uyuni! O deserto é formado por várias camadas de sal, umas grossas, outras finas, com camadas de 2 a 10 metros de profundidade. O salar está a 3650 m de altitude. Tiramos um montão de fotos. Eu saindo do pote de batatas! E equilibrando na garrafa de água! hahha

Depois entramos no carro e Clemente nos levou em uma parte alagada, que foi melhor ainda. A água simplesmente refletia o céu! E dava para ver a cordilheira lá atrás. Naquele momento eu percebi que minha melhor aquisição tinham sido as botas impermeáveis. Eu podia correr, pular que não molhava meus pés. Isso ajudou muito, pois tinha gente de outros grupos andando descalço, de chinelo e cortaram os pés no sal, sem falar no rolo que vira depois para tirar o sal da meia e de dentro do tênis. 

Fomos ainda em um hotel de sal abandonado que hoje funciona como museu. Tudo era feito de sal, não dava para acreditar! Cadeiras, mesas, tudo de sal. Ali perto tem um monumento ao Rally Dakar e também bandeiras de vários países. Mais uma vez eu compreendi o tanto que esses momentos são importantes para mim. Afirmo mais uma vez que conhecer novas culturas, lugares e pessoas pelas estradas da vida não tem dinheiro que pague. São momentos onde pude aprender, compartilhar e viver intensamente. 

Por fim, chegamos na cidade de Uyuni! O cheiro de folhas de Coca estava se tornando insuportável. Eu já não queria mais mascar aquela folha, mas Clemente passou os três dias mascando aquilo dentro do carro com vidros fechados o dia inteiro, aquilo estava impregnando... Despedimos do casal Nathália e Henrique, dos indianos Anand e Pankaj e do nosso querido guia, motorista e cozinheiro Clemente. Só tenho a agradecer a todos vocês, pela companhia, pelas aventuras e pelos momentos compartilhados. Ainda deu tempo de dar uma volta pela cidade repleta de asiáticos. Esperamos até dar o horário de voltar para San Pedro de Atacama com Camila e Ana. No outro dia despedi delas e segui viagem até a cidade de Pucon. Até a próxima! 
Assista o vídeo em: